Com o objetivo de fortalecer a construção coletiva do conhecimento em torno das as ações de convivência com o Semiárido, o Centro de Agroecologia no Semiárido (CASA), realizou entre os dias 14 e 16/06/2018, na comunidade de Campos – município de Sebastião Laranjeiras-BA, o Curso de Gestão de Água para a Produção de Alimentos (GAPA), com a participação de representantes de 23 famílias agricultoras familiares.
As referidas famílias estão sendo atendidas com o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) – uma das ações da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), que visa a construção de tecnologias sociais de captação água de chuva para a produção de alimentos, implementação de Quintais Produtivos Agroecológicos, Fomento para auxílio na infraestrutura produtiva da família, além da formação em Agroecologia e Serviço de Acompanhamento Familiar (SAF), através do Termo de Contrato de Prestação de Serviços (TCPS 022/2018 / P1+2 / BNDES / MDS Fomento), celebrado entre o CASA e a Associação Programa Um milhão de Cisternas (AP1MC). Vale ressaltar, que o referido TCPS tem como financiadores, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e o Ministério de Desenvolvimento Social e combate à Fome (MDS).
De acordo com os(as) participantes do Curso, o GAPA foi de grande relevância para o processo formativo das famílias e da comunidade como um todo.
“Eu achei muito boa, pois aprendi como prantar alfaça, tomate e mais coisas que eu tem vontade de prantar. Foi importante conhecer as pessoas, que falou sobre como fazer prantio, criar galinha, criar porco, e outras coisa”. Afirmou a agricultora familiar Aneci Maria Carvalho Rodrigues.
De maneira bastante entusiasmada, Joselice da Silva Lopes, atual presidenta da Associação dos Moradores de Campos e Mato Grosso, uma das beneficiadas do programa, fala sobre a importância do curso e ao mesmo tempo, o papel da tecnologia social para a garantia de uma boa alimentação para a família, mas também para o acesso a mercado, através da comercialização do excedente da produção.
“Sou uma beneficiária da cisterna de primeira água e agora de segunda e, hoje, nós estamos aqui participando do curdo de GAPA, um curso muito importante para aperfeiçoar os nossos conhecimentos, com relação aos cuidados da água, e também as qualidades de vida que a agente passa a ter ao alcançar esse benefício tão importante na nossa vida, que é saber como guardar a água, não só na cisterna, mas também como trabalhar essa água guardada. Com certeza esse projeto vem trazer para nós uma condição melhora na produção, na maneira de produzir, de cultivar os produtos que a gente já tem aqui, e que muitas vezes a gente não sabe como cultivar eles, e também não sabemos como lidar com a questão desde o preparo do solo, até a colheita. Com que relação ao que a gente almeja conseguir, é trabalhar melhor a questão das hortaliças, por que assim, eu gosto muito de lidar com a questão do plantio de horta. A gente tem um tanquezinho no fundo de casa e quando a chuva era mais constante, a gente conseguia encher mais ele, a gente fazia uma hortinha próximo a ele e como a água desse pequeno tanque a gente produzia pra nossa subsistência, a cebola, alface, o tomate e também às vezes até vendia pro comerciozinho aqui no Mato Grosso. Mas com a diminuição da água, né, foi secando tudo e gente não teve mais essa condição. E agora com essa cisterna de produção, a gente vai aproveitar e fazer esse novo caminho, de plantar nossa hortinha, de produzir para a nossa subsistência, mas também pra vender aquilo que a gente pode”.
Para Romulo Tharley, técnico em agropecuária, animador de campo pelo CASA e responsável pelo acompanhamento das famílias no município de Sebastião Laranjeiras, o curso é foi momento de formação e de troca de experiências para o fortalecimento das ações de convivência.
“Nós estamos num processo de formação e de troca de experiência. Processo esse que é muito importante tanto para mim como profissional, quanto para as famílias beneficiárias, onde a gente troca experiência e faz um processo de formação onde nós passar sobre como vai ser executado o projeto na comunidade, aqui no município de Sebastião Laranjeiras, e junto com eles a gente vai tomando o conhecimento da realidade deles aqui na comunidade, como é que funciona a produção, a importância deles estar presente aqui no campo, de criar seus filhos num ambiente agradável. E também batemos muito na tecla de que eles tem que dar continuidade na produção da agricultura familiar, e principalmente da importância de evitar o máximo o uso agrotóxico. São produtos que causam danos à saúde. A gente mostra no curso a importância de produzir sem agrotóxico, socializando que tem como eles produzir respeitando a natureza, fazendo o uso de produtos naturais, onde vai tá controlando a infestação de pragas e insetos na propriedade deles, na lavoura e sem causar danos na saúde deles e dos familiares. Então esse projeto é muito importante, pois além de trabalhar a convivência com o Semiárido, no sentido de nos preparar para captar a água e armazenar no período chuvoso, sabendo que a gente vai ter em frente um longo intervalo de estiagem e de produzir sem agrotóxico, pensando no bem comum”. Destacou Rômulo.
A partir dos depoimentos acima, fica evidente a necessidade de fortalecimento das ações da política de convivência com a região semiárida defendidas pela ASA, na perspectiva de romper com a lógica do combate à seca, garantindo, desta forma, autonomia e melhoria na qualidade de vida das famílias, através da produção, comercialização e consumo de produtos sem a utilização de agroquímicos, o que por sua vez, contribui diretamente para o desenvolvimento sustentável da comunidade e da região.
Fotos: Juliano Vilas Boas / Rômulo Tharley
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