ENCONTRO TERRITORIAL: Organizar, resistir e produzir para viver bem no Semiárido
O encontro contou com a participação de lideranças comunitárias, de movimentos e organizações sociais e sindicais do campo e da cidade, educadoras e educadores, membros de Comissões Municipais e agricultores(as) familiares beneficiários(as) das tecnologias sociais de captação de água de chuva de diversos municípios da região sul/sudoeste da Bahia.
Considerando o atual momento, o encontro teve como objetivo a troca de experiências e a construção coletiva do conhecimento acerca do fortalecimento da política de convivência com a região semiárida.
A abertura do evento contou com um momento de mística, organizado por membros do CASA e do Levante Popular da Juventude, onde ajudou-nos a refletir sobre a necessidade de organização do povo para a garantia dos direitos historicamente conquistados e para a construção de um projeto popular para a região semiárida, para o Brasil.
Posterior, trocamos uns dois dedos de prosa sobre a realidade que estamos vivenciando e sobre a necessidade de organização e resistência dos povos para viver bem nas terras semiáridas e também sobre o nosso papel enquanto sujeitos capazes de quebrar a canga e as amarras impostas pelo sistema capitalista.
Com a colaboração do companheiro de luta e caminhada Rodrigo Dias, da cidade de Ubatã, região sul da Bahia, refletimos sobre possibilidade de esperançarmos mesmo em meio a tantos retrocessos (construir esperança na desesperança). Momento que possibilitou a construção de uma crítica ao atual modelo desenvolvimento e ao mesmo tempo uma autocrítica da atuação das organizações a que pertencemos e de nossa atuação enquanto sujeitos.
A noite cultural contou com a animação do cantor, compositor e poeta Gil Martins e demais participantes do encontro. Não faltou a boa música, a contação de causos, piadas e comidas típicas da região semiárida.
No segundo dia de atividades, partilhamos olhares sobre as políticas públicas de convivência com a região semiárida, sobre as ações da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e das organizações que constituem esta grande REDE, que não mede esforços para a consolidação de um Semiárido mais justo e mais solidário – um Semiárido de oportunidades e possibilidades – um lugar bom de viver.
Foi possível perceber este Semiárido de oportunidades e possibilidades, através da exibição do vídeodocumentário “CASA: 13 anos construindo um Semiárido justo”, produzido por Vanessa Dias de Lima e Beatriz Cotrim da Silva, estudantes do Curso de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus XII – Guanambi-BA.
Continuando esta reflexão, houve a partilha das ações e projetos desenvolvidos pelo CASA nos seus quase 15 anos de história, destacando o Termo de Contrato de Prestação de Serviço (TCPS) 071/2017 celebrado com antiga Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (SEDES), atualmente sob a gestão da Secretaria de Desenvolvimento Rural – Estado da Bahia, através da através da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), que possibilitou a realização deste encontro.
O referido TCPS (com previsão para encerramento no final do ano corrente), tem como meta a construção de 288 tecnologias sociais de captação de água de chuva nos municípios de Guanambi, Licínio de Almeida, Jacarací e Mortugaba, sendo 30 barreiros trincheira familiar (600 mil litros) e 42 cisternas modelo calçadão (52 mil litros) para cada município.
Outro assunto dialogado no encontro, diz respeito às ações da comunicação popular, que tem como objetivos contribuir para a consolidação da política de convivência com a região semiárida e para a emancipação dos sujeitos através de uma comunicação que respeite os seus modos de vida, que zele pela coerência no processo de comunicação, que trabalhe a comunicação em linguagem acessível e possibilite a informação e formação dos sujeitos, que difunda as experiências de convivência com o Semiárido, compreendendo que camponesas e camponesas são sujeitos das ações de convivência, que contribua com o processo de organização e mobilização de grupos e organizações para garantia de melhores condições de vida no Semiárido.
Entre as diversas ferramentas/ ações da comunicação, merece destaque a página do facebook e site, o programa de rádio “Sertão da Gente”, veiculado nas emissoras 106 FM Guanambi e Educadora Santana de Caetité, os boletins informativos, cartilhas, revistas, banners, folders, entre outras, que garantem a formação e informação tanto das famílias beneficiárias com projetos desenvolvidos pelo CASA, quanto para públicos diversos (campo e cidade) que desejam conhecer melhor o trabalho da organização e a política de convivência com o Semiárido.
Ao final, organizou-se um momento para avaliação do encontro, onde os(as) participantes expressarão suas opiniões acerca dos pontos positivos e negativos, bem como apresentaram sugestões para os próximos encontros de formação.
Após a avaliação, nos ficou o sentimento de que precisamos continuar construindo esperanças mesmo na “desesperança” – nos momentos de crise e acima de tudo, que precisamos acreditar na política convivência como possibilidade de construção de um “novo Semiárido” como espaço de liberdade.
Esperançar
Nessa crise fabricada
Só nos resta esperançar
Mas esperançar lutando
A luta não pode parar
Pra construir um Semiárido justo e solidário
Precisamos nos organizar
Por um semiárido vivo
A luta não pode parar
Contra o desmonte dos nossos direitos
Nossas forças precisamos reunir
pois para construir democracia
É o povo que precisa decidir
Nos entregamos de alma e coração
A esta luta em prol da libertação
Estando unidos(as) a vitória é garantida
E separados(as) ela não chega não
Organizar, resistir e produzir
É nosso lema e não vamos desistir
De braços dados e lutando lado a lado
Por mais política pública no Semiárido
Obrigado a você que veio
A este paço de formação
Defender os nossos direitos
Só lutando em comunhão
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